Entenda como funciona o consórcio de imóveis

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A compra por meio de consórcio de imóveis pode se tornar interessante para que não dispõe de recurso para a compra à vista

Por Danilo Vivan

Num momento como o atual, em que os preços dos imóveis seguem estáveis ou apresentam queda real, a compra por meio de consórcio pode se tornar interessante para que não dispõe de recurso para a compra à vista. Especialistas afirmam que o sistema é vantajoso em situações específicas, como, por exemplo, quando o consorciado é sorteado rapidamente (e, portanto, pode dispor do imóvel imediatamente, economizando o dinheiro que seria gasto com aluguel) ou quando não possui disciplina para reservar, todo mês, dinheiro para comprar um apartamento ou dar entrada num financiamento.

No consórcio de imóveis, o interessado entra num grupo contribuindo mensalmente (ou em outro período pré-definido) para adquirir uma carta de crédito no valor do bem (por exemplo, R$ 300 mil) que será sorteada entre os integrantes desse grupo. As prestações e a carta de crédito são, em geral, corrigidas pelo INCC (Índice Nacional de Custos da Construção).

Caso não queira depender só da sorte para ser contemplado, o participante pode acelerar o recebimento da carta dando lances para ser contemplado – ganha quem der o maior lance. As administradoras são remuneradas por uma taxa de administração, cobrada dos participantes. Quem possui conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode usar esses recursos para dar o lance e garantir a contemplação. O Fundo pode, ainda, ser usado para complementar a carta de crédito na compra do imóvel. Por exemplo: para um apartamento que custe R$ 400 mil, caso o consorciado disponha de uma carta de R$ 300 mil, pode sacar os R$ 100 mil restantes do FGTS. Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), no primeiro trimestre, cerca de 700 consorciados sacaram recursos do Fundo.

Com a recente redução do teto do financiamento de imóveis usados pela CAIXA (de 80% do valor do imóvel para 50%), uma opção é justamente usar o FGTS para dar o lance, antecipar o recebimento da carta de crédito e utiliza-la para complementar o valor para dar entrada no financiamento.

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Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Para o professor Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a compra por consórcio pode ser um bom negócio apenas numa situação em que o comprador seja contemplado logo no início do grupo. Ele lembra, no entanto, que essa modalidade de compra traz um custo que deve ser considerado pelos compradores, a taxa de administração.

Já o analista Mauro Kalil, fundador do site especializado em Finanças Pessoais Academia do Dinheiro, observa que, como em geral o consórcio de imóveis é de longa duração, “o inconveniente é que os grupos atravessam diversos ciclos econômicos, de alta e de baixa nos preços”. O atual momento, de estabilidade dos preços, por exemplo, é mais favorável; porém, quando a situação é oposta, o valor do crédito sorteado pode não acompanhar a esticada dos preços. Sabendo de antemão que enfrentará essas ondas, o consorciado pode se preparar para aproveita-las ou se defender nos momentos de alta.

Khalil lembra ainda, que, para aqueles que foram sorteados, não deve haver afobação para usar a carta de crédito, já que os preços estão em queda. Isso porque após a contemplação, os recursos da carta de crédito são reajustados pela Selic, hoje em 13,25% ao ano. “O rendimento de 100% da Selic é excelente; não é preciso sacar já”.

Diante do baixo rendimento do Fundo de Garantia (TR + 3%, abaixo da inflação do período), os analistas recomendam o uso do fundo como forma de dar o lance no sorteio. Como já foi mencionado, mesmo que o imóvel não seja comprado imediatamente, a carta de crédito passa a ser remunerada pela Selic (acima do rendimento do FGTS).

Segundo a ABAC, de janeiro a março, os consórcios de imóveis receberam 48,6 mil novas adesões, somando R$ 5,6 bilhões em créditos comercializados. “As recentes mudanças promovidas pelo governo no mercado imobiliário, especialmente nos imóveis usados, deverão provocar uma reflexão do brasileiro quanto à compra desse bem patrimonial”, afirma o presidente executivo da entidade, Paulo Roberto Rossi.

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Fonte: ABAC

 

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