Radar Abrainc-Fipe: condições desfavoráveis do mercado imobiliário em setembro

Crédito para compra da casa própria deve recuar 20,6% em 2016

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Em 2015, foram destinados R$ 75,6 bilhões para a aquisição e construção de imóveis; para este ano previsão é atingir R$ 60 bilhões, redução de 20,6% em comparação com o ano passado

Por Fabio Penteado

A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) divulgou hoje, 26 de janeiro o desempenho setorial de 2015 e as expectativas dos agentes financeiros para o ano de 2016. Segundo o presidente da entidade, Gilberto Duarte, o ano anterior foi de transição e serviu para as empresas realizarem ajustes operacionais. “O momento macroeconômico ainda é desafiador para o crédito imobiliário, uma vez que temos altas taxas de juros, inflação e índice de desemprego crescentes e desaquecimento da atividade econômica”, diz.

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Gilberto Abreu - 5 credito Della Rocca

Presidente da Abecip, Gilberto Duarte

O setor imobiliário, salienta o executivo, sofre, ainda, com a denominada crise de confiança por parte dos compradores devido às incertezas no ambiente econômico e político. “O consumidor é o agente que determina o ritmo do mercado ao tomar suas decisões”, revela. Apesar de reticente, Duarte garante que o mercado imobiliário ainda oferece muitas oportunidades. Isso porque, conta, no Brasil 11, 6 milhões de domicílios são alugados e há um déficit habitacional de 5,8 milhões de residências. Além disso, são computados no País por ano 341 mil divórcios e 1,1 milhão de casamentos. “Temos um mercado potencial para mais de dez anos”, frisa.

Concessões de crédito

O presidente da Abecip reconhece que em 2015 o mercado retraiu, mas lembra que o setor vinha de um período de euforia elevada. “Hoje estamos num patamar menor, mas ainda ativo”, resume. De acordo com os números da associação, em 2015 o financiamento imobiliário proveniente do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) para aquisição e construção foi de R$ 75,6 bilhões, queda de 33% frente a 2014.

Apenas para a aquisição, o valor disponibilizado no ano passado foi de R$ 54,8 bilhões, retração de 32,7% quando comparado ao ano anterior. Aqui, o executivo faz um lembrete. Segundo ele, o financiamento ofertado por meio do SBPE para imóveis novos caiu menos do que para os usados, 10% e 50%, respectivamente.

Já os financiamentos com os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), em contrapartida, cresceram 20,5% frente a 2014, encerrando 2015 com a liberação de R$ 52,7 bilhões.

Quanto ao número de unidades por modalidade de financiamento, foram 342 mil – queda de 37% em 2015 frente a 2014 – pelo SBPE e 603 mil com a utilização do FGTS, crescimento de 30%.

A captação líquida (poupança SBPE) também recuou em 2015, apesar de o mês de dezembro ter sido positivo – R$ 4,8 bilhões – influenciado pelo recebimento da segunda parcela do 13° salários dos trabalhadores assalariados. Segundo o presidente da Abecip, o patamar da taxa básica de juros da economia de 14,25% ao ano tem sido desafiador para as cadernetas de poupança, que concorrem em desvantagem com as aplicações financeiras com remuneração atrelada à Selic (14,25% ao ano). Assim, conclui, em 2015 a captação líquida ficou negativa em R$ 50,1 bilhões.

Já o saldo da poupança SBPE nos três primeiros meses de 2015 apresentou redução nominal devido às sucessivas saídas de recursos das cadernetas de poupança. Mas esses movimentos foram abrandados nos últimos meses de outubro e novembro, antes mesmo da reação de dezembro, o que gerou, no último dia útil de 2015, saldo de R$ 509 bilhões.

Perspectivas e análises

Para Duarte, 2016 será um ano de queda no mercado e de espera quanto às definições governamentais. “Esperamos medidas econômicas e políticas que possibilitem a recuperação da confiança e a retomada do crescimento. Nossa expectativa é a de que a concessão de financiamento atinja R$ 60 bilhões”, divulga. Os preços das unidades também serão revistos. “São ajustes naturais e as incorporadoras estarão mais flexíveis, reajustando os preços a valores mais racionais”, diz.

A inadimplência, que encerrou 2015 a uma taxa de 1,9%, contra 1,4% no nano anterior, não preocupa o executivo. “Os bancos estão trabalhando para oferecer soluções específicas para cada cliente, como carência e extensão dos contratos de crédito”, garante. Além disso, completa o presidente da Abecip, o consumidor tem interesse em pagar o imóvel, pois é seu principal compromisso financeiro. Duarte garante, ainda, que este é o momento de negociar. “Há unidades em estoque, por isso as companhias do segmento vão flexibilizar as negociações”, afirma.

Acesse os dados completos aqui

tabela_abecip_2016

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